Cozinhando na Quarentena

Se tem uma coisa que eu sempre soube era que meu lugar era na cozinha. Só que no meu caso para comer e mais nada! Nunca gostei de cozinhar, nunca tive muita vontade para aprender. Era fã de carteirinha de comida delivery. Sempre fiz o trivial: arroz, macarrão e omelete, além de grelhar ou fritar qualquer coisa na frigideira. Suficiente para sobreviver, certo?

Raras vezes me animava em fazer alguma sobremesa. Comecei adolescente pelas receitas prontas de caixinha. Só depois dos vinte e cinco ano passei a fazer bolos sem massa pronta. Mas como disse, em raríssimas ocasiões. Às vezes dava certo, outras nem tanto.

Poderia enumerar aqui todas as boas razões para fugir do fogão: do nojinho ao encostar nas carnes cruas, principalmente frango, àquela montanha básica de louça para lavar pós banquete, das duas horas para picar um legume ao desespero de não saber o que fazer ao ler “tempere a gosto” nas receitas.

Eis que chega a quarentena. Com ela, a economia necessária em evitar os deliveries e uma dose extra de tempo, ainda mais para fazer duas refeições no mesmo dia. Definitivamente a necessidade faz o sapo pular. Somada a isso, uma certa inspiração. Passar mais tempo com quem se ama, ter que se dedicar mais a quem está o seu lado, um ajudar ao outro, não me pareciam mais uma obrigação. Pelo contrário, passou a ser a parte prazer do dia. Ainda mais a quatro mãos.

Fica a dica para os casais em quarentena, utilizável para dias comuns pós COVID-19: cozinhar a quatro mãos. Vocês podem conversar e fazer gracinhas enquanto preparam a comida, aquela parte chata de picar cebola e chorar como viúva pode ser delegada ao outro e você ainda tem ali ao seu ladinho alguém para te guiar e experimentar o seu bendito “tempero a gosto”. Mas vamos combinar, que tempero melhor senão aquele que até virou propaganda de TV uns anos atras… Amor que fala, não é?