A cidade do amor efeito inverso

Ah, la belle Paris. A Paris para os apaixonados. A cidade do amor, a cidade que reluz, a cidade onde você encontra Eros e Psyqué, que na mitologia são o Amor e a Alma. Mas, por incrível que pareça, Paris teve um efeito inverso na minha vida.

Tive a oportunidade de ir para Paris duas vezes, uma diferença de mais ou menos de 12 anos entre uma e outra, com pessoas diferentes, ambas de relacionamento longo e em ambas as viagens eu tive os mesmos insights ou quiçá certezas de que alguma coisa ali estava errada.

Passeávamos de ônibus pela cidade, um ao lado do outro, cada um com seu fone de ouvido, ouvindo suas próprias músicas, ora observando a paisagem, ora olhando para o nada e em meio a isso, um abismo que parecia se abrir ali entre nós.

Não havia conversa, não havia muita troca nos trajetos, cada um imerso em seu mundinho, parecendo dois solitários seguindo caminhos distintos. Guardei essa sensação comigo e pasmem, por meses e meses depois. Como se quisesse ignorar ou como se acreditasse que tivesse sido apenas um efeito do fuso horário europeu. Mas foi inevitável dali para frente não repensar a relação.

Na segunda vez, digamos que eu já estivesse mais “escolada”. Tanto de Paris como de relacionamentos. As coisas já não vinham bem nesse último caso e, talvez Paris tenha vindo apenas trazer as certezas que eu buscava.

Frédéric Chopin tinha uma frase: “Paris responde a tudo que um coração deseja”. Ele estava certíssimo. Meu coração só desejava ser feliz, mesmo que fosse seguindo só.